Os cidadãos do futuro vão precisar responder a uma questão que o século XX varreu para debaixo do tapete: o lixo. Não vai dar para manter a pose de moderno se a humanidade não aprender a lidar com a própria sucata- seja material (resíduos de todos os tipos) ou imaterial (dejetos emocionais e neuras variadas).
Entrar no novo século é também ir além do raciocínio linear compartimentado -uma coisa do século passado- e aprender o raciocínio circular, que ajuda a compreender como tudo está conectado. Limpar a alma, a casa, a cidade exige tarefas e tecnologias muito diferentes, mas quando o ciclo se completa, a vida sempre muda para melhor.
Por dia, o brasileiro produz, em média, um quilo de lixo domiciliar. Quem viver até os 70 anos, portanto, vai produzir quase 25 toneladas de detritos ao longo da vida. Em vez de desanimar, essa matemática suja serve como alento: significa que uma só família pode ajudar muito se começar a evitar o desperdício e reciclar o lixo. E vai ajudar ainda mais se multiplicar a informação no seu prédio, na empresa, na escola das crianças.
O lixo é sempre um problema?
O lixo não é um problema em si, mas o sintoma de uma doença da sociedade atual. O problema está no nosso padrão de consumo, baseado na idéia do "descartável" e não-sustentável.
Como tratar esse "sintoma"?
Mudando esse padrão. Nosso consumismo é fruto de um tripé: a desagregação da família, a tecnologia e a propaganda. Juntos, esses fatores criam uma cultura do excesso.
As pessoas consomem mais do que necessitam, para se preencher. A propaganda é mais efetiva quando as pessoas não estão felizes. Ela vende conceitos e não produtos: para vender margarina não se fala das qualidades do produto, mas se mostra uma família feliz ao redor da mesa. A tecnologia resolve problemas mas também cria demandas: o que era um desejo passa a ser necessidade. As pessoas descartam produtos bons para trocar por um novo, "mais avançado" -e jogam no lixo o que não é lixo, o que ainda presta.
Por: Luciana Vieira
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